O presidente da UNITA, Isaías Samakuvua, recebeu a ordem superior baixada pelo seu homólogo do MPLA e, como obediente angolano, mostrou-se hoje, sábado, no Luena, satisfeito com o empenho do Executivo de João Lourenço no combate à corrupção, nepotismo, impunidade e à bajulação, pelo facto, desses males terem prejudicado bastante sociedade. Consta que os restos mortais de Jonas Savimbi estremeceram de vergonha.
Por Orlando Castro
O dirigente político do partido que, definitivamente, deveria deixar de se chamar UNITA porque nada tem a ver com a verdadeira UNITA fundada por Jonas Malheiro Savimbi, falava à imprensa no final da visita de trabalho ao Moxico e, conforme a OS (ordem superior) assinada por quem manda, elogiou o envolvimento do presidente da República, João Lourenço, nessa acção, e encorajou-o a continuar a cruzada, admitindo no seu solilóquio (falar sozinho) que não tardará muito que a sua UNITA seja uma espécie de FNLA.
“Não queremos esconder a nossa satisfação pelo facto de que esses males agora parecem terem sido identificados por todos”, disse o presidente da UNITA, bajulando a estratégia (que não existe) daquele que, para além de Presidente da República, é também Titular do Poder Executivo e do MPLA, para além de mentor, ideólogo e guru dessa organizaçãozinha que usurpou o nome da organização, essa sim grande, enorme, fundada por Jonas Savimbi.
Quanto à realização das eleições autárquicas previstas para 2020, o líder da UNITA disse haver uma lentidão no processo de preparação, mais destacou a previsão do início nos próximos dias do debate na Assembleia Nacional (AN) sobre o respectivo pacote legislativo.
Aliás, Samakuva e os seus acólitos da lagosta não se devem preocupar muito com essas, ou com quaisquer outras, eleições. Basta negociar com o MPLA a percentagem que ele pensa atribuir à UNITA. Dependendo da disposição do Presidente do MPLA, até pode ser que consiga aguentar-se mais uns anos a esfregar banha no umbigo, a arrotar a marisco e a enganar o Povo repescando (devidamente autorizado pelo MPLA) teses de Savimbi.
No entanto, Samakuva manifestou o desejo de ver as eleições autárquicas a serem realizadas de uma forma pacífica, responsável e abrangente, sem que a maioria parlamentar utilize a sua força para impor as leis e prejudicar o processo que considerou de muito importante para a vida do país.
Não está mal. Depois da bajulação, curvando-se subtilmente perante a imagem do “querido líder” (João Lourenço) que transporta no subconsciente, Samakuva simulou ser líder da oposição, não fossem os angolanos atirar-lhe à chipala a vergonha que é a UNITA aceitar ser tapete (embora de luxo) do MPLA.
Tal como previsto (e autorizado, recorde-se), o presidente do maior partido da oposição que o MPLA (ainda) permite que exista, exigiu (vejam só o grau e a assertividade da exigência) que haja diálogo, aceleração e a tomada de mediadas consensuais para permitir aos cidadãos eleger os seus dirigentes livremente.
Samakuva disse também que durante o debate realizado com os estudantes do Instituto Superior Politécnico Privado “Walinga” do Luena, ficou com a impressão de que há um desejo enorme e ansiedade de se saber o que é o processo das autarquias. A sério? Para um país independente desde 1975 e que até agora não realizou eleições autárquicas (mesmo as outras só foram um simulacro) será estranho todos querermos saber o que é isso?
O líder desta UNITA lamentou o facto de haver pouca interacção com a sociedade no sentido de se explicar devidamente o verdadeiro significado das autarquias e as suas vantagens. Se fosse só isso…
Ao sugeriu que esse trabalho seja feito nos próximos tempos, Samakuva fez saber que a UNITA orientou a direcção do partido no sentido de disseminar a informação nas suas estruturas e posteriormente esclarecer os cidadãos para que saibam decidir. É obra! Desde logo porque, finalmente, a UNITA mostra que embora não saiba o que deve, e pode, fazer sobre esse processo eleitoral, tem uma vaga ideia que os cidadãos devem ser esclarecidos… antes de votarem.
Sobre a exumação e inumação dos restos mortais de Jonas Savimbi, Samakuva explicou que o processo está em curso, acrescentando que se aguarda pelo resultado das amostras recolhidas para que toda a gente tenha a certeza e depois realizar um funeral condigno na terra natal do fundador dessa outra UNITA que, pelos circunstancialismos conhecidos, acabou devido à morte do seu fundador.
Ao avaliar o desempenho do partido, Samakuva disse sair do Moxico satisfeito, por ter cumprido com o programa e encontrou avanços significativos e visíveis, fruto do trabalho realizado pelos militantes.
A isso acresce que, mais uma vez e ao contrário da outra UNITA, esta não percebeu que está em cima de um tapete rolante que anda para trás. Samakuva e os seus rapazes limitam-se a andar e ficam a sensação de que estão a progredir. No entanto, quando acordarem, verão que não saíram do mesmo sítio.
[…] post Ou bajulas ou a lagosta é substituída pela mandioca appeared first on Folha 8 Jornal Angolano Independente | Notícias de […]
“Ou Bajulas ou a Lagosta é Substituída pela Mandioca”
É confrangedor a forma como o sr. Orlando Castro autor confesso do artigo supra referido, do Jornal Folha 8 faz referência a postura do líder a UNITA e a sua respectiva formação política. No seu entender essa deveria ser, mais acutilante e, desassombrada e desalinhada. . .
Confrangedor pela tese que insinua. O articulista eivado de uma demagogia e presunção que rossa os limites do irracional e do insano faz-nos crer que há uma defunta UNITA que encarnaria de uma forma mais musculada e assertiva as vestes de partido de oposição legítimo e relevante. No seu conceito Samakuva e o partido que lidera sucumbiram aos encantos e as manobras de sedução do titular do poder executivo e sua organização. Pasmem-nos! Que grande falácia. Que petulância e atrevimento.
Meu caro um pouco mais de honestidade e humildade intelectual. Os factos históricos são indesmentíveis e incontornáveis. Como dizia o saudoso animal político de boa memória Dr. Mário Soares: ” Só não mudam mudam os burros. . .
Se me permite meu caro não se admire do Dr. Isaías Samakuva ter feito essa inflecção no seu discurso. Como soi dizer-se e, o ilustre deveria sabê-lo já que se presume de avisado; uma política de” bota abaixo ” por tudo e por nada, não leva a lugar algum. Já é tempo de nos habituarmos a ver os políticos da nossa praça praticarem uma política à séria. Chega de retórica balofa, inconsistente, redundante, inquinada e prenhe de demagógicas teses gastas do ” bichinho papão “. Angola precisa de um jornalismo isento e de cidadãos comprometidos verdadeiramente com a paz e o bem comum. Já vai sendo tempo de enterrarmos de uma vez por todas o ” Machado de guerra” e o abandono das ideias divisionistas e retrógradas de que nunca se deve reconhecer os méritos do nosso adversário político.
Meu caro, mais lucidez e modéstia. Qual o mal de reconhecer que o Dr. João Lourenço tem sido corajoso e feliz ao pôr o dedo na ferida e tentar debelar aquilo que parecia uma, gangrena. . . Lagarde e o FMI, fizeram-no sem pejo ou qualquer complexo. Afinal por quem se toma?!
Por último deixe que lhe diga com todo o respeito : João Lourenço foi bastante visionário e está dois anos a frente dos seus adversários políticos e devemos sem peias, actos de contrição ou falsos moralismos reconhecer-lhe o mérito. Tenho dito!
Manuel José Matoso